O paradoxo da alta performance: Quando o sucesso externo não preenche o vazio interno

Vivemos em uma era em que o “ser admirado” virou quase uma meta de vida. Carros, cargos, viagens, resultados, metas batidas… tudo é exibido como símbolo de sucesso. Mas a pergunta que ecoa nos bastidores da mente de muitos profissionais é: por que, mesmo conquistando tanto, eu ainda me sinto tão vazio?

O psicólogo e escritor Morgan Housel, ao falar sobre o “Paradoxo do Carro”, traduz bem essa armadilha emocional: quando vemos alguém com um carro incrível, raramente pensamos no motorista. Pensamos como “nós seríamos incríveis se estivéssemos dirigindo aquele carro”. O reconhecimento não é sobre quem somos, mas sobre o que possuímos.

No mundo corporativo, o paradoxo é o mesmo. Não importa quem é o profissional, mas o quanto ele entrega, performa e aparenta sucesso. Isso gera uma busca desenfreada por status e resultados externos, enquanto, internamente, muitos enfrentam crises de identidade, ansiedade e um sentimento constante de insuficiência.

A psicanálise nos ajuda a entender que, quanto mais o indivíduo se molda para agradar e atender às expectativas externas, mais se afasta de sua essência. O “falso self”, conceito trazido por Winnicott, é justamente essa construção de uma persona adaptada ao olhar do outro, mas totalmente desconectada da verdadeira experiência emocional.

Jung, por sua vez, define esse processo como uma inflação do ego: quanto mais nos esforçamos para sermos a imagem de sucesso que criamos (ou que esperam de nós), mais negligenciamos nosso self interior, nosso verdadeiro sentido de existência.

O resultado? Síndromes de burnout, quadros depressivos, crises de ansiedade e uma geração de profissionais emocionalmente exaustos, mas que continuam sorrindo nas redes sociais.

A sociedade do desempenho nos ensinou que descansar é sinônimo de fraqueza, que não produzir é perder tempo e que sentir é perda de foco. No entanto, é justamente no tempo da pausa, da escuta interna e do silêncio que o verdadeiro sentido da vida pode ser resgatado.

O reconhecimento que realmente preenche não é aquele que vem de fora, mas o que nasce da reconexão com quem realmente somos.

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