COP30: cresce pressão internacional por preços mais baixos na hospedagem em Belém

A alta nos preços da hospedagem em Belém para a COP30 tem gerado preocupação em delegações internacionais e provocado atrito entre o governo federal e o setor hoteleiro local. Durante a reunião preparatória da Convenção do Clima da ONU, encerrada nesta quinta-feira (26), em Bonn, Alemanha, diplomatas relataram dificuldades para encontrar acomodações e alertaram que os custos elevados podem inviabilizar a presença de representantes de países em desenvolvimento. “O que ouvi é uma profunda preocupação da sociedade civil e de muitos países quanto à sua capacidade de participar da COP30 devido à falta de acomodações e preços”, afirmou ao jornal O Globo o representante de uma ONG ambientalista, sob condição de anonimato. Em resposta, a Secretaria Nacional do Consumidor notificou 24 estabelecimentos e o sindicato do setor para apurar possíveis práticas abusivas.

Apesar das críticas, a Secretaria Extraordinária para a COP30 reafirmou que o evento será mantido em Belém, em novembro. O governo do Pará também reiterou que “não opera hospedagens”, mas atua em parceria com o governo federal e o setor privado para garantir uma conferência “acolhedora, segura e acessível”. O presidente do Sindicato de Hotéis, Eduardo Boullosa Júnior, negou boicote ao evento e criticou a atuação da Senacon, afirmando que “a postura adotada configura ingerência indevida na atividade econômica privada”. Ele acrescentou que “cada hotel deve cobrar o preço que deseja” e que “não é certo comparar os preços com o Círio de Nazaré, que são dois dias. A COP são 15”.

A promessa de lançamento de uma plataforma oficial de hospedagem ainda em junho foi renovada em Bonn, em tentativa de conter os questionamentos. Segundo Tony Santiago, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará (ABIH-PA), a entidade “não aceita ameaças em nenhum tipo de negociação” e está “comprometida a hospedar todas as 159 delegações num esforço conjunto para conseguir as melhores condições, inclusive de tarifas que viabilizem o evento”. Representantes do setor também reclamam da falta de diálogo desde o início da organização e rejeitam a imagem de que a conferência representaria um ganho desproporcional aos empresários locais.

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