No Diariocast, secretário Guilherme Cavalcanti diz que “tarifaço” de Trump ameaça fruticultura e açúcar pernambucanos

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, foi o convidado desta semana do Diariocast, podcast do Diario de Pernambuco, apresentado pelo jornalista Rhaldney Santos, titular deste blog, para debater o tarifaço de 50% imposto pelo governo Donald Trump sobre exportações brasileiras e os desdobramentos na economia estadual, além de atualizar o andamento da Transnordestina e falar sobre o papel do Porto de Suape na economia Pernambucana.

Cavalcanti traçou um panorama dos impactos e das ações em curso, ressaltando que “o prejuízo para a região é muito grande” porque setores como a fruticultura e o sucroalcooleiro do Vale do São Francisco dependem de janelas de exportação orientadas para os Estados Unidos e empregam mais de 120 mil pessoas. “A gente está olhando a possibilidade do pagamento de bolsas, no modelo do chapéu de palha, que é feito para a entressafra; a gente consideraria isso uma entressafra”, disse, e completou: “a oferta de linhas específicas de crédito, a partir da nossa agência de fomento” é uma das frentes locais, “mas o principal do que vem, no que tange ao crédito, está nas instituições federais.”

Ao tratar da relação com os Estados Unidos, Cavalcanti afirmou que Pernambuco atua para mediar os efeitos do tarifaço enquanto pressiona por uma solução negociada. “A governadora tem trazido à mesa o argumento de que é melhor a gente baixar a temperatura, trazer para a mesa de negociação, fazer propostas viáveis, tratar o nosso parceiro internacional com respeito, com nossa ombridade”. Ele reforçou que “política macroeconômica e diplomacia são funções do governo federal”, mas declarou que, diante da pressão externa do tarifaço, o estado busca equilibrar “pressão política, apoio técnico e reforço das cadeias internas” para mitigar riscos e manter a trajetória de desenvolvimento.

Na sequência, Cavalcanti atualizou a situação da Transnordestina e a rearticulação do trecho de Salgueiro a Suape, que havia sido excluído do contrato de concessão em 2022. Segundo ele, a gestão estadual retomou o projeto com mobilização política e técnica: “A ferrovia é indutora do desenvolvimento e indutora de cargas. A gente não está construindo uma ferrovia para ir buscar uma carga que já existe. Nós estamos construindo uma ferrovia para induzir o desenvolvimento”, explicou, citando exemplos como a multiplicação da produção de gesso no Araripe e a viabilização de minas no sul do Piauí conectadas ao porto. Ele detalhou o avanço nos trâmites: “conseguimos já concluir o processo de recebimento desses ativos por parte do DENIT”; além da atualização dos projetos para linguagem pública e o diálogo com o Tribunal de Contas da União, onde se busca consagrar a tese para evitar questionamentos sobre a viabilidade da obra.

O secretário também destacou o Porto de Suape como peça central na estratégia logística e de atração de investimentos de Pernambuco. Definiu o porto como “a grande joia da coroa” e afirmou que “a infraestrutura portuária, combinada com a Transnordestina, compõe um eixo que cria competitividade ao reduzir prazos de escoamento e conectar produção e destino.” A integração com o Porto Digital foi apresentada como complemento essencial: “a nossa mensagem se articula a partir do Porto; ele permite trazer operadores de grande porte, conectar a produção do interior e apoiar novo crescimento tecnológico”.

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