
O presidente da ABECE (Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior), Everton Wutke, foi o convidado desta semana do Diariocast, podcast do Diario de Pernambuco apresentado pelo jornalista Rhaldney Santos, titular deste blog, para conversar sobre o momento do comércio exterior, os efeitos das tarifas norte-americanas e o potencial logístico de Pernambuco. Ao avaliar o cenário, Wutke afirmou que “essas tarifas têm um impacto relevante para os exportadores, sobretudo, mas não só para os exportadores; têm impacto também importante para os importadores”, lembrando que insumos importados entram na produção de bens vendidos ao exterior. Sobre o peso das tradings, acrescentou: “Certamente hoje já passa dos US$ 10 bilhões FOB importados”, em referência ao volume movimentado pelas empresas que compõem a associação.

Em agenda no Recife durante a feira Multimodal, o dirigente disse ver o Estado “se estruturando para ser um polo de fato, um hub de entrada e de distribuição de produtos”, citando a capacidade portuária para receber rotas diretas e a instalação de centros de distribuição que funcionam como “pulmão” de estoques. Ele defendeu que a competitividade local avance para além de benefícios fiscais: “É preciso ter um descolamento dessa questão do benefício, que as empresas identifiquem que o principal valor aqui são os serviços que são prestados”.

Wutke também comentou a atuação institucional em Brasília, com participação em frentes parlamentares e diálogo com órgãos reguladores. Segundo ele, houve “um avanço grande junto à Antaq para melhorar a resolução” sobre estadia de contêiner, buscando evitar que custos decorrentes de greves ou força maior recaiam sobre importadores. No âmbito da modernização, destacou a substituição do Siscomex pela Duimp e discutiu a transição trazida pela reforma tributária.

Ao aproximar o tema do cotidiano do consumidor, Wutke frisou que “70% dos produtos importado são insumos, matéria-prima ou máquinas, voltados para a indústria”, defendendo desburocratização e redução de tarifas para baratear produtos finais. E resumiu a necessidade de alinhamento entre Estado e setor privado: “Não tem como desconectar o público do privado; tem que trabalhar juntos”.