Estudos apontam relação entre saúde bucal e Alzheimer

Pesquisas recentes vêm reforçando a conexão entre a saúde bucal e doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Um estudo publicado na revista Science Advances identificou a bactéria Porphyromonas gingivalis, principal causadora da doença periodontal, em amostras de cérebro de pacientes com Alzheimer. Segundo a implantodontista Taciana Abreu, essa bactéria pode atingir o cérebro por meio da corrente sanguínea, agravando inflamações e estimulando a formação de placas beta-amiloides, características da doença. “As doenças da gengiva liberam toxinas que, além de afetarem a boca, têm potencial para impactar a saúde neurológica”, explica.

A doença periodontal é uma infecção que se desenvolve silenciosamente e, em estágios avançados, pode comprometer ossos e tecidos de sustentação dos dentes. A especialista em reabilitação oral Joseane Vaz destaca que, muitas vezes, os pacientes só percebem o problema quando ele já está em fase avançada. “A gengivite é o estágio inicial. Se não tratada, evolui para periodontite, que pode causar mobilidade e até perda dos dentes”, afirma. Entre os principais sinais de alerta estão sangramentos, mau hálito persistente, sensibilidade e inflamações gengivais.

Além do Alzheimer, a periodontite também está associada a outras doenças crônicas, como diabetes, pneumonia, artrite reumatoide, osteoporose e problemas cardíacos. Um estudo recente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) apontou que pessoas com doenças gengivais têm maior risco de complicações cardiovasculares e menor expectativa de vida. “A prevenção é essencial. Cuidados simples como escovação adequada, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista fazem toda a diferença”, reforça Taciana Abreu.

O tratamento depende da gravidade do quadro. Para casos iniciais, uma limpeza profissional pode resolver o problema. Já em situações mais graves, são necessárias raspagens profundas ou cirurgias para remoção de tártaro.

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