Especialistas alertam para riscos do uso de tadalafila como pré-treino em academias

A popularização do uso da tadalafila como pré-treino nas academias brasileiras tem gerado preocupação entre especialistas. Indicado para tratamento de disfunção erétil e hiperplasia prostática, o medicamento vem sendo consumido, sem prescrição, por jovens que buscam ganhos de performance e vascularização muscular. No primeiro semestre de 2024, mais de 31 milhões de caixas foram vendidas no país, segundo dados do mercado farmacêutico, colocando o fármaco entre os mais comercializados. No entanto, médicos alertam que não há comprovação científica de que a substância ofereça benefícios para o desempenho físico.

O fisiculturista Rodrigo Matos, que experimentou o uso entre 2021 e 2022, relatou que os efeitos não corresponderam às expectativas. “Usei buscando melhorar a performance no treino, mas percebi que ele não trazia um benefício agudo como um pré-treino tradicional”, afirmou. Em dose mais alta, Matos teve reações adversas como dor de cabeça e respiração ofegante. “Se você consumir mais do que a dose clínica, pode ter problemas sérios”, alertou. Para ele, o uso do medicamento como pré-treino já perdeu força entre quem tem mais conhecimento sobre musculação.

A professora do curso de Educação Física da Estácio, Tamiris Frazão, reforça que os estudos existentes sobre a tadalafila nesse contexto são escassos e inconclusivos. “O mais importante é priorizar a segurança e, se houver necessidade de suplementação, que seja com respaldo científico e orientação profissional”, recomenda. Ela destaca métodos eficazes e seguros, como alimentação equilibrada, sono de qualidade e prática de exercícios aeróbicos e resistidos, que melhoram naturalmente a circulação e o desempenho físico.

Já o farmacêutico Josimar Girão alerta para os riscos do uso sem acompanhamento médico. “Não é um medicamento isento de prescrição, e seu consumo indevido pode causar queda de pressão, cefaleia intensa e até infarto ou AVC”, explicou. Ele também chama atenção para a dependência psicológica que pode surgir com o uso contínuo da substância. Os especialistas são unânimes: o uso da tadalafila deve ser feito apenas com orientação médica, e a busca por resultados rápidos pode ter sérias consequências para a saúde.

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