Brasil foi usado como base para agentes secretos russos, aponta The New York Times

A Rússia utilizou o Brasil por anos como plataforma de lançamento para agentes de sua elite de inteligência, conhecidos como “ilegais”, segundo investigação publicada pelo jornal The New York Times. Esses espiões criavam novas identidades no país, apagando vestígios do passado russo por meio da abertura de empresas, relacionamentos pessoais e inserção social. Com o tempo, essas experiências consolidavam perfis convincentes que permitiam aos agentes se deslocar com credibilidade para Estados Unidos, Europa ou Oriente Médio, onde suas missões eram de fato executadas.

A reportagem revela que, nos últimos três anos, agentes da contrainteligência brasileira trabalharam discretamente para identificar esses infiltrados, chegando a mapear ao menos nove oficiais russos que usavam identidades brasileiras. A apuração do NYT se baseou em centenas de documentos confidenciais e entrevistas com autoridades de inteligência de diferentes países, indicando que a operação russa se estendeu por pelo menos oito nações, com cooperação dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, Israel, Holanda, Uruguai e outros aliados ocidentais.

A investigação responde a anos de ações encobertas atribuídas ao Kremlin, que incluem interferências em eleições, envenenamentos e tentativas de golpe de Estado. Segundo o NYT, a invasão da Ucrânia em 2022 foi o estopim para que diversos países apertassem o cerco contra agentes russos, inclusive no Brasil — que, historicamente, manteve relação diplomática amistosa com Moscou.

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